Governo senegalês expulsa ativista anti-franco CFA de seu território


O Governo do Senegal decidiu terça-feira expulsar o ativista franco-beninense, Stéllio Gilles Robert Capo-Chichi "Kémi Séba", anunciou um comunicado assinado pelo ministro do Interior e Segurança Pública, Abdoulaye Daouda Diallo.

As autoridades senegalesas acusam Kémi Séba, presidente da Organização Não Governamental  Urgências Pan-africanistas, de proferir « discursos desagradáveis contra chefes de Estado e líderes africanos », lê-se na nota.

Citado no documento, o ministro senegalês do Interior explica que Capo-Chichi pretende levar a cabo ações prejudiciais à ordem pública ao apelar para mobilizações intempestivas na via pública.

O Governo senegalês evoca igualmente a recente comparência de Kémi Séba em Tribunal por ter queimado publicamente uma nota de cinco mil francos CFA (cerca de 10 dólares americanos), considerando por isso a sua presença no território nacional "uma ameaça grave à ordem pública”.

O arguido foi detido quarta-feira na sua residência em Dakar e conduzido para o aeroporto para ser expulso para França, o seu local de proveniência.

No entanto, o seu advogado, Khoureychi Ba, afirmou à PANA ter interposto um recurso contra esta decisão.

Baba Diop, membro da Ordem dos Advogados Senegaleses, explicou à PANA que a lei exige que a decisão de expulsão seja notificada à pessoa visada 48 horas antes da execução da medida.

O advogado acrescentou que os textos lhe permitem  interpor  recurso no Supremo Tribunal que tem oito dias para pronunciar a sua decisão.

O processo de expulsão empreendido quarta-feira última contra Kémi Séba surge após o recurso interposto dois dias antes pelo procurador contra a decisão de libertação pronunciada pela justiça senegalesa num julgamento contra si.

O Presidente da ONG Urgências Pan-africanistas, Capo-Chichi  é processado pelo Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) por ter queimado uma nota de cinco mil francos CFA, a 19 de agosto de 2017, durante uma manifestação que ele organizava contra esta moeda comunitária na África Ocidental.

Ele foi detido a 25 de agosto último e encarcerado na cadeia de Rebeuss, em Dakar, antes de ser julgado e liberto quatro dias depois porque a Justiça afirmou que o delito  “de alteração de sinal monetário » não tinha sido constituído.

Alioune Abitalib Sow, um outro jovem ativista anti-franco CFA, é processado por cumplicidade pelo BCEAO que o acusa de ter fornecido a Kémi Séba um isqueiro que serviu para queimar a nota em apreço.

Com a sua organização Urgências Pan-africanistas, Capo-Chichi luta pela independência monetária dos países que têm em comum o franco CFA.

Para ele, é uma « moeda colonial sob o controlo de França », partilhada entre 14 países repartidos na África Ocidental e Central.


V/REDACÇÃO
/Pana

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