“Guiné Bissau país de Políticos Nomadistas” Olhar de jovem Sociólogo Guineense Celestino João Insumbo Ampa
Com a abertura democrática ocorrida em
1991 e que permitiu à possibilidade para criação de formações políticas,
nomeadamente Partido da Renovação Social
- PRS, Partido Unido Social Democrática - PUSD, Resistência da Guiné Bissau
“Movimento Bafatá” - RGB, União para Mudança - UM etc., a Guiné-Bissau
entrou, definitivamente, no ranking dos países africanos por onde o poder político
é legitimado, mediante processos democráticos, isto é, através de votos
expressos pelos cidadãos com capacidade activa de voto.
Desde aquela altura até ao momento
actual, nenhum Presidente e Governo conseguiu cumprir o seu mandato, devido às
sucessivas instabilidades políticas e governativas, motivadas por derrubes,
moções de censura ou golpes de estado. Essa instabilidade é,
a meu ver, influenciada pela cultura de nomadismo
político. Ou seja, fenómeno que tem caracterizado o país nos últimos quinze
anos, nomeadamente a partir do conflito político-militar de 7 de Junho de 1998
a esta parte.
A cultura de nomadismo político tem dificultado, de
que maneira, não só as lideranças políticas a nível dos seus partidos, mas
também na governação. Pois, os interesses mesquinhos dos políticos nomadistas passou a ser recorrente, tendo-se já
sobreposto aos interesses colectivos. Aliado a isso, nota-se a prevalência da
tendência de cultura de “matchundadi”
que vem caracterizando a acção e o comportamento dos políticos guineenses, focalizados
em objectivos de obtenção de pastas ministeriais como forma de se alinharem com
as estratégias propostas. Caso não atingirem os seus intentos, recorrem aos rumores
e intrigas, com o objectivo de, consequentemente, potenciarem a fragmentação de
partidos políticos, criando com isso, grupos de interesses mesquinhos e adversos
ao interesse colectivo.
A característica
fundamental de políticos nomadistas é
a falta de carreira profissional qualitativa, pelo que usam a politica como
meio para sua sobrevivência ou fonte de subsistências para sua família, assim
como de casas dois, três e até casa quarenta…
A outra característica,
não menos importante, é o seu elevado nível de desorganização, associado à sua
desorientação. Sendo a elite que governa, acabam por influenciar toda a
dinâmica e estrutura do aparelho de Estado da Guiné-Bissau que, como é sabido,
é caracterizado por total desorganização e desorientação desde o mais alto
nível até ao pessoal de menor categoria.
Por causa desses políticos nomadistas, a Guiné-Bissau vem
conhecendo os acontecimentos de incerteza política, como os que elenco a seguir:
Ø Regresso
de João Bernardo Vieira “Nino” – dentro da liderança do PAIGC houve o nomadismo
político no seio da liderança do mesmo partido que finalmente provocou a queda
do governo liderado por Carlos Gomes Júnior e se deu no surgimento de um novo nomadismo político sob nome “Fórum dos Partidos Políticos”;
Ø O golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 – causado
pelo nomadismo politico que hipotecou
o país, durante dois anos, sob um regime transitório, desnorteado e motivado
por atitudes de atrocidades, irresponsabilidade e caos total no aparelho de
Estado da Guiné-Bissau;
Ø Finalmente,
a queda do governo liderado por Domingos Simões Pereira, a 12 de Agosto de 2015
– que foi insinuado pelos políticos
nomadista só porque uns perderam a disputa partidária interna, enquanto outros
não conseguiram ganhar as legislativas de 2014, por conseguinte não elegeram deputados.
O nomadismo
político na Guiné-Bissau fez desaparecer muitos partidos políticos que
outrora aspiravam ser alternativas para a governação do país. O exemplo mais
concreto é o caso de Partido Unido Social Democrática -
PUSD, Resistência da Guiné Bissau “Movimento Bafatá” – RGB.
Com
efeito, e, ao que parece, as lideranças políticas desses partidos não foram
capazes de gerir as disputas internas no seio dos mesmos nem gerar consensos a
volta das questões políticas e estratégicas que eram factores de divisão.
Estes
factos devem merecer uma análise reflectida por parte dos guineenses e
motivá-los a rejeitar a ideologia propalada pelos políticos nomadistas que utilizam instrumentos obscuros na
tentativa de se instalarem no poder.
Em face do exposto, e
para terminar, perguntamos: será que a Guiné-Bissau vai continuar
constantemente a viver nesse marasmo político desprovidos de efeitos positivos?
Será que não é a altura certa para pararmos com as disputas e nos concentrarmos
nas tarefas que possam abrir possibilidades para o bem-estar de todos?
V/Redacção
Ass: Celestino João Insumbo Ampa
Bem-haja!
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